Thursday, June 21, 2007

Carpe diem?

O tempo é frágil e o dia é perdido
Ao longo dos anos, reina a escuridão
Tormento, tristeza, mágoa, solidão
Porque apenas se dá importância ao dia

Rotina nas acções e trevas na alma
Nestes trágicos dias, que há para aproveitar
Há os que até se quiseram matar
Pois só há paz no vento nocturno

Desprezai a luz e o rumor diurno
A noite ilumina as raízes da filosofia
As estrelas honradas pela poesia
Carpe diem? Nunca! Carpe noctem

A fuga

Foge da esperança sem pensar
Tão triste que mal pode respirar
Gritos ecoam no seu coração
Oceanos de raiva e de solidão

Lágrimas de medo caem na areia
As suas mágoas formam uma teia
Entranhada nos confins da sua mente
Falta-lhe a voz para dizer o que sente

Noites de horror na sua pele queimada
Leves suspiros de uma alma assombrada
Sombras de morte escondem-se na rua
A sua face iluminava a lua

Foge do medo, foge da dor
Falta a alegria, falta o amor
Caí no chão de uma casa trancada
Algures, no tempo, uma luz apagada

Saturday, June 16, 2007

Canção de embalar das trevas

Sonho de uma triste canção de embalar
De olhos fechados, não te vais magoar
Dorme em paz, pequena criança
Sangra o corpo, sangra a esperança

Amaldiçoada, essa tua tristeza
A cor do teu sangue tem tanta beleza
No mundo das trevas, o teu coração
No mundo dos sonhos, não há solidão

O fogo na alma, um beijo de paz
Larga a tua faca, se ainda és capaz
Cobre as veias com um véu de amor
No final, só restam marcas e dor

Dorme em paz, com a noite a proteger
Dorme, ingénua, não há nada a saber
Ignorância é a mãe da felicidade
Sem conhecimento, não haverá maldade

Friday, June 15, 2007

Não a condenes...

Mas será que não tens consciência
Da alma que estás a destruir?
Procura a razão da sua existência
A falsidade, quando a vês sorrir

Vê o vento negro da esperança
A água que entristece o seu olhar
Olha nos olhos, a, que, em criança
Abraçou a faca para se matar

Falhou, e, triste, desistiu
Ao ver que nem morrer conseguia
Deixou sangrar a alma e caíu
Mas, com falsidade, ainda sorria

Não destruas a mente já quebrada
Não condenes à morte esta criança
Abraça a sua pele, já cortada
Em vez de a apunhalar, com essa lança

Desfeita com a ilusão do amor
Por te ter entregue o coração
Poupai-lhe essa ameaçadora dor
Não condenes a alma à solidão


Tuesday, June 12, 2007

Quem é ela?

O seu sangue escorre pelo chão
O seu mundo suspira solidão
A sua alma é uma vela apagada
A sua vida é tudo e não é nada

Quem é ela, que sofre de depressão?
Quem é ela, que morre na escuridão?
É um pesadelo, para vós e para mim
Que pode ela, se a sua vida é assim?

Ela é o céu, a terra e o ar
Ela é fogo, desejo de sonhar
Cabelos negros que voam ao vento
Ela é paixão, é sentimento

Ela é doce e frágil, nunca forte
Ela é a própria encarnação da morte
Ela é a noite e a filosofia
Ela é o que resta da poesia

A recusa

Cortai as amarras da paixão
Deixai de ouvir a voz do sentimento
O mundo é só lógica e razão
Deixou de haver lugar para o sofrimento

Estilhaçada a mente pela poesia
Perdido o olhar negro da memória
Viverá então o mundo em alegria
Enquanto ela se perde nas trevas da história

Recuso este destino cruel
Recuso a tua poética alma
As cicatrizes que tu tens na pele
A tua face, sempre triste, nunca calma

Pois porque tu já estás perdida
Enquanto eu ainda me posso encontrar
Pois porque queres pôr fim à tua vida
A tua alma, eu terei de recusar

Monday, June 11, 2007

O que escrevo eu?

O que escrevo eu, senão loucura?
Amor perdido, ausência de ternura
Escrevo doces sonetos de sofrimento
Escrevo por paixão, não por talento

Escrevo lágrimas dos que choram em vão
Escrevo trevas, tristeza e solidão
Escrevo o breve sussuro da maré
Escrevo enquanto vou perdendo a fé

Pois embora eu tenha um futuro incerto
É apenas a escrever que eu liberto
As mágoas da alma e do coração
A escrita é a luz que afasta a escuridão

Tortura intemporal

Tortura intemporal (dedicado à minha "maravilhosa" aula de françês e ao respectivo professor...)

Sonhos amordaçados em mentes dispersas
Posições estáticas, expressões diversas
Palavras torturando, absinto ou veneno
Folhas esvoaçando, um olhar sereno

Pura inclemência, o passar do tempo
Triste martírio, falta de talento
Sorrisos ficam lá fora, não há felicidade
Não há desejo ou empenho, só falta de vontade

Horas de sofrimento, sente-se a raiva crescente
Uma insistente rotina para desgastar a mente
Abrindo a porta trancada, deixai entrar o ar
Com o toque do sino, tudo se há de acabar

Será por ti...

Esquece.
És capaz?
De o deixar para trás
como uma memória esquecida?

Não.
Pois assim é a vida.
Não o esqueço, assim o quero
E nada mais é sincero.

Mas este desejo vai-me custar
Tudo aquilo que me fazia continuar
E se perder, se parar
Se deixar de respirar...

Será por ti.
Só por ti.
Pois mesmo não sendo feliz,
Foi o que a minha alma quis.

Manhã de setembro

Manhã de setembro

Há uma manhã em setembro
Em que nada parece igual
É tudo tão doce e sincero
Que nem parece normal

Há uma manhã em setembro
Em que o vento sopra, contente
Em que os sonhos se tornam mais puros
E a minha vida fica diferente


E nessa manhã de setembro
Noto a luz do teu olhar
Essa luz que encanta o céu
E apaga a tristeza do ar

E antes que chegue a noite
E tudo fique como antes
Eu peço para que o destino
Não nos faça ficar distantes

Tu és assim...

Tu és assim

Deixaste de ter importância para mim
A partir de agora vou ser só eu
Mas tu querias que fosse assim
Sempre desprezaste o que é meu

Falas comigo como se não tivesse valor
Não me deixas dizer o que sinto
Nem sequer queres honrar o amor
Não te atrevas a dizer que minto

Mas eu vou deixar de estar sempre aqui
Pois tenho quem se importe comigo
Agora deixei de precisar de ti
E não quero quem não saiba o valor de um amigo

Como tudo começou...(Porquê poesia?)

Quem sou eu? O que faço aqui?
Questões que ocupam as mentes de filósofos, poetas e...Adolescentes...
Quem sou eu, senão alguém preso entre a infância e a idade adulta?
Mas porquê a poesia? O que terá esta que outras formas de escrita não têm?
A poesia é o que me permite explicar quem sou e o que sinto, sem realmente o dizer...Pois entre antíteses, esquema rimático e metáforas esconde-se uma vida...Onde perdura a tristeza, o sofrimento e a depressão...
Mas isto já é outra história...
Neste escuro recanto da minha alma poderão ver quem eu sou e o que penso, muito melhor do que aqueles que julgam que me conhecem...
Quem sou eu?
Sou uma triste poetisa
O que faço aqui?
Procuro partilhar a infelicidade da minha alma com quem a queira compreeender...