Friday, August 31, 2007

Rosa negra (auto-retrato)

Rosa negra como a depressão
Que haverá de afastar o mundo
Os meus espinhos são o sangue no chão
Se vier a morte, não esperarei um segundo

Rosa negra em busca de ternura
Rosa negra que só sente rejeição
Sou uma rosa à beira da loucura
Que se há de afogar na escuridão

Rosa negra levemente apaixonada
Rosa que sonha com um dia de alegria
Uma rosa que, nos teus braços, não é nada
Sem a noite vir, enquanto brilha o dia

Mas a rosa negra, um dia, será tua
Meu trágico e incompreendido amor
E quando o sol fugir e vier a lua
Lá estaremos os dois, lá se apaga a dor

Thursday, August 30, 2007

Tudo partiu...

Pálida, com a morte no olhar
Frágil, mal podia respirar
Doce, como a brisa matinal
Pura como o mais belo cristal

Triste, como lágrimas a cair
Distante, sem se atrever a sorrir
Ninguém a amou, ninguém a segurou
Ela tudo perdeu e tudo deixou

Um segundo e ela deixou de existir
Já não haveria razão para mentir
A sua doçura, em sangue se esvaiu
Ela era tudo, mas tudo partiu...

Monday, August 27, 2007

Sonho de luz e escuridão

A noite era bela e estrelada
De momento, não sabia mais nada
Esqueci o mundo, fixando o céu
Escondi-me no seu estrelado véu

Por um segundo, ninguém mais chorou
Diria até que o tempo parou
E eu pairava, adormecida
À luz de uma lua já esquecida

Quando voltei a ver o que é real
E senti, dentro de mim, o mesmo mal
Desprezei tudo o que era terreno
E desejei, de novo, o céu sereno

Donzela de um rio de mágoas

Numa noite fria, à luz da lua
Foi quando encontraste uma alma nua
Que chorava, por temor à solidão
E se enterrava na pura escuridão

Enfeitiçado pela doçura do seu olhar
Procuraste, à cautela, te aproximar
Olhaste o sangue que se misturava com a água
E fugiste da donzela e da sua mágoa

Água do rio que o seu sangue levou
E, com ele, os seus sonhos roubou
Deixou a adulta, que ainda era criança
Deixando espaço para uma última dança

A frágil jovem, por fim, cedeu
E nestas águas permaneceu
Demasiado doce para fugir
A quem a torturou para se divertir

Sunday, August 26, 2007

Se...

Se...

Se tristeza fosse só nome de canção
Se as lágrimas fossem só água a cair
Se não houvesse mágoa na solidão
Se não tivesse por que fugir

Se não houvesse trauma na minha mente
Se não houvesse sangue na minha faca
Se tudo se resumisse ao sol poente
Se a vida não fosse tão fraca

Se não houvesse ira nem agonia
Se o meu coração não fosse de cristal
Talvez houvesse sonho na maresia
Talvez eu fosse uma pessoa normal